A alternância entre filmes blockbuster e projetos pessoais está presente desde a consagração do diretor em Hollywood. Muitas vezes ele teve críticas negativas com seus projetos pessoais, como com “A Idade da Inocência / Age of Innocence” (1993). Outras vezes ele chocou e gerou polêmica, como com “A última tentação de Cristo / The last temptation of Christ” (1988).
Apesar de tão conhecido e celebrado, Scorsese não teve só êxitos em sua carreira. Depois de um começo turbulento, as críticas negativas de “New York, New Nork” (1977) fizeram-no afundar-se na depressão e no consumo de cocaína, vício do qual De Niro o livrou. Anos mais tarde, as críticas atrapalharam a distribuição do filme “Kundu” (1997), que contava o início da vida do Dalai Lama e hoje é uma peça praticamente esquecida da filmografia do diretor. Além disso, outro efeito colateral desse fracasso é que não é permitida a entrada de Scorsese no território do Tibete.
Seus filmes normalmente contam com bons banhos de sangue, protagonistas de atitudes ambíguas que muitas vezes sofrem com conflitos religiosos internos, resquício da infância de Martin. Vários de seus protagonistas passam por desilusões amorosas, talvez algo também espelhado na vida de Marty, que já está em seu quinto casamento. Outras marcas registradas do diretor são filmes que se iniciam no meio da narrativa e várias referências a faroestes e filmes de Alfred Hitchcock.
Não é só nos filmes comerciais que Scorsese se aventura. Sendo um homem de muitos interesses, ele já rodou documentários dos mais diversos temas, entre eles a história do Blues, a vida do Beatle Geroge Harrison e um show dos Rolling Stones. Certamente seu mais conhecido empreendimento no mundo dos documentários é “O último concerto de rock / The Last Waltz” (1978), sobre a apresentação final do conjunto The Band. Outra paixão do diretor é o cinema clássico. Marty foi influenciado por uma série de diretores fantásticos do passado e conta mais de 13 mil filmes assistidos em sua vida de cinéfilo. Ele já fez documentários sobre o cinema italiano e os filmes clássicos e atualmente assina uma coluna mensal no site do canal americano TCM, destacando alguns filmes imperdíveis da programação. E sem dúvida sua maior ode aos pioneiros do cinema é “A Invenção de Hugo Cabret / Hugo” (2011), ganhador de cinco Oscars.
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Além de dirigir, Martin também é responsável pelo roteiro de alguns de seus filmes e é o produtor de tantos outros. No entanto, vez ou outra ele decide dar uma de Hitchcock e aparece brevemente em cena. Uma exceção é o filme “Sonhos” (1990), dirigido pelo japonês Akira Kurosawa, que convidou Martin para interpretar o pintor Van Gogh. Em mutias ocasiões apenas sua voz é ouvida, como em “O Aviador” (2004), no qual Francesca, sua filha mais nova, também faz uma participação. A filha do meio, Domenica, começou nos filmes do pai e hoje é diretora e roteirista. Só a primogênita Catherine não seguiu carreira no cinema. E não são só as filhas que têm espaço garantido nos filmes de Scorsese: seus pais também já fizeram breves aparições.
Depois de seis indicações infrutíferas, Scorsese ganhou seu primeiro Oscar de Melhor Diretor com “Os Infiltrados / The Departed” (2006). Além do prêmio máximo do cinema, ele também conquistou Globos de Ouro, Palmas de Ouro em Cannes e até Grammys. Em 2011 ele recebeu um Emmy de Melhor Diretor pelo episódio piloto de uma das mais celebradas séries da atualidade, Boardwalk Empire. Muitos títulos especiais também foram-lhe conferidos em diversas áreas.
Considerado pelos fãs (como esta que escreve) e pela crítica especializada como um dos maiores diretores de todos os tempos, Martin altera com maestria o filmes sangrentos e biografias emocionantes. Trabalhar com ele é um sonho de consumo para qualquer ator de Hollywood. Seus próximos projetos incluem um drama histórico, uma adapatação de uma novela de crime e uma cinebiografia de Frank Sinatra. Sem dúvida serão mais sucessos de bilheteria que continuarão inesquecíveis pelos próximos setenta anos.
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