Um dos mais experientes e talentosos atores do cinema norte-americano faz aniversário no dia de hoje e é a prova viva de que um sonho pode ser alcançado com esforço e determinação. Com mais de trinta anos de carreira, em diferentes personagens, uns amistosos e camaradas e outros, terríveis e sombrios, Kevin Bacon vem escrevendo uma história de sucessos e alguns fracassos na indústria do cinema e televisão, mas sempre com a certeza de trabalhos que geram comentários e audiência.
Kevin Norwood Bacon nasceu na Filadélfia no dia 8 de julho de 1958. O caçula de seis irmãos se mudou aos 17 anos para a cidade de Nova York, a fim de conquistar seu grande sonho de ser um ator. Pouco tempo depois de sua chegada na “Grande Maçã”, ingressou na “Circle in the Square Theater”, na Broadway, uma das mais conceituadas escolas de teatro dos Estados Unidos.
O primeiro trabalho de Bacon no cinema foi no ano de 1978, na clássica comédia “O Clube dos Cafajestes”, dirigida por John Landis e que contava no elenco com nomes de peso da arte de fazer rir, como John Belushi, um dos astros mais engraçados dos anos 70. Após o sucesso do filme, uma série de televisão foi cogitada e Bacon recebeu o convite para participar, mas se negou, alegando que voltaria para Nova York (ele estava em Los Angeles para as filmagens) para se dedicar de forma mais aprofundada à carreira teatral.
Ainda em 79, participou de “Encontros e desencontros”, comédia de Alan J. Pakula. No ano seguinte, participou de outra comédia, “Procura-se um herói”, em um pequeno papel, como qualquer ator iniciante em Hollywood. O primeiro filme pelo qual Bacon é lembrado (não por todo mundo, é claro) é “Sexta-Feira 13”, também lançado em 1980, onde ele interpreta um dos garotos que encontra seu destino final nas mãos (e arpão) de um maníaco num acampamento abandonado (vai me dizer que não conhece essa história?).
Bacon continuava a atuar em pequenos papeis, mas construía sua carreira filme após filme, tentando chegar ao estrelato com que sempre sonhara. Em 1981, esteve em “O doce sabor de um sorriso”, drama sobre uma mulher alcoólatra que quer deixar o vício para viver ao lado da filha. Em 1982, a convite do diretor Barry Levinson, atuou no drama jovem “Quando os jovens se tornam adultos”, ao lado de outros atores iniciantes que se tornariam conhecidos ao longo dos anos, como Steve Gutenberg, Daniel Stern e Mickey Rourke.
Em 1982, foi premiado com o “Obie Award”, uma premiação destinada aos atores que não faziam parte do circuito profissional da Broadway, por sua atuação em “Forty-Deuce”. Este foi o pontapé inicial para que o ator entrasse no mundo dos espetáculos da Broadway, na montagem de “Slab Boys”, ao lado de atores proeminentes da época, como Sean Penn e Val Kilmer. E em 1983, esteve em “Grandes mudanças”.
O ano de 1984 marcou o início de Kevin Bacon ao estrelato, num dos filmes que se tornaram sinônimo daquela década, “Footloose – Ritmo louco”, no papel de Ren, um rapaz apaixonado por música e dança que luta para que toda uma cidade possa trazê-los de volta ao dia-a-dia dos habitantes. Bacon mostra bastante desenvoltura nos passos de dança e coreografias, como na sequência final do filme, uma das mais conhecidas e homenageadas na história do cinema. A partir desse filme, papeis maiores começaram a ser oferecidos ao ator, mas ele sempre é lembrado como o “carinha do Footloose”.
Uma informação interessante sobre a escolha de Bacon para o papel é que ele não foi a opção inicial dos produtores. Pensaram num ator com cara de adolescente e a escolha imediata era Tom Cruise (principalmente pela sua dança em “Negócio arriscado”), mas ele não estava disponível. Mudaram o foco e tentaram um dançarino profissional, John Travolta, mas também não conseguiram. O ator escolhido foi Rob Lowe, mas depois de uma lesão que o impediria de atuar, chamaram Bacon para o “papel de sua vida”.
Em 1986 estrela “Quicksilver – O prazer de ganhar”, sobre um bem sucedido corretor, que após perder muito dinheiro num negócio mal realizado, decide se tornar entregador, montado em sua bicicleta e vivendo as “mais altas confusões” e aventuras, bem ao estilo dos anos 80. No ano seguinte, guiou um grupo de jovens por corredeiras em “Águas perigosas”, participou de “Fibra de heróis” como um trabalhador de ferrovia lutando por seus direitos e esteve na comédia “Antes só do que mal acompanhado”, clássico estrelado por Steve Martin e John Candy. No ano seguinte, estrelou “Ela vai ter um bebê”, ao lado de Elizabeth McGovern.
Em 1989, ao lado de Gary Oldman, estrelou o drama “Inocente ou culpado”, no papel de um homem acusado de assassinato. No mesmo ano, protagonizou “A grande comédia”, sobre um jovem aspirante a autor e diretor em Hollywood que faz uma série de concessões para que seu roteiro possa ser filmado.
A nova década traria mais alguns sucessos à carreira de Bacon, começando pelo filme de baixo orçamento, mas cultuado ao longo dos anos, “O ataque dos vermes malditos”, em que luta contra gigantescas e monstruosas criaturas que habitam os subterrâneos o deserto de Nevada, nos Estados Unidos. Após esse filme, estrelou um dos melhores suspenses dos anos 90, ao lado de Kiefer Sutherland, Julia Roberts, Oliver Platt e William Baldwin, “Linha Mortal”, de Joel Schumacher. Neste filme, ele começou a demonstrar sua capacidade e talento para interpretar papeis sinistros.
Após esse filme, participou de “Piratas do amor”, “Entre amigos”, e “Ele disse, ela disse”. Contudo, o filme mais importante desse ano na carreira de Kevin Bacon é “JFK – A pergunta que não quer calar”, do polêmico Oliver Stone, sobre a investigação da morte do presidente norte americano John Fitzgerald Kennedy. Mais uma vez, Bacon esteve ao lado de grandes atores, como Kevin Costner, Tommy Lee Jones, Sissy Spacek e Gary Oldman. Outro grande papel foi em “Questão de honra”, de 1992, em que interpretou o Capitão Jack Ross.
Em 1994, estrelou duas produções que não obtiveram grande aceitação por público e crítica: “Um gigante de talento” e “O rio selvagem”, este ao lado de Meryl Streep. Por este filme, ele recebeu uma indicação como “Melhor ator coadjuvante” no “Globo de Ouro”.
Mais uma vez ao lado de Gary Oldman, Bacon estrelou “Assassinato em primeiro grau”, também com a participação de Christian Slater em 1995. Também estrelou “Balto” e “Apollo 13 – Do desastre ao triunfo” de Ron Howard, no papel de Jack Swigert, um dos três tripulantes da “Apollo 13”, missão da NASA, que não conseguiu chegar à Lua e quase não retornou a Terra. Este filme foi um dos maiores sucessos de bilheteria daquele ano. Além disso, recebeu diversos prêmios, incluindo um “Screen Actors Guild” na categoria “Melhor Elenco” (Ed Harris, Kevin Bacon, Tom Hanks, Bill Paxton, Kathleen Quinlan, Gary Sinise). No ano seguinte, atuou em apenas um filme, “Sleepers – Vingança adormecida”, mais uma vez contracenando com grandes astros, como Brad Pitt, Robert DeNiro e Dustin Hoffman, mais uma vez sob a direção de Barry Levinson. É um dos filmes mais perturbadores e psicologicamente violentos dos anos 90 e considerado por crítica e público como um dos melhores filmes de suspense já feitos nos últimos anos.
Ainda em 1998, atuou no polêmico “Garotas selvagens”, suspense sensual que contava com cenas de sexo protagonizadas pelas belas atrizes Denise Richards e Neve Campbell e pelo ator Matt Dillon. Além de atuar, tendo inclusive, participado de cenas com nu frontal, Bacon produziu o filme. No ano seguinte, estrelou o terror paranormal “Ecos do além”. O roteiro desse filme é baseado no romance de Richard Matheson (falecido recentemente), publicada em 1957 com o mesmo nome.
O ano 2000 marcou a carreira de Bacon de duas formas bem distintas uma da outra. Ele este no elenco do drama familiar “Meu cachorro Skip” e viveu um dos seus personagens mais assustadores e diabólicos, em “O homem sem sombra”, de Paul Verhoeven. O cientista Sebastian Caine, que desenvolve uma fórmula para tornar invisível qualquer ser vivo, testa em si mesmo a invenção e passa a sofrer os efeitos colaterais do experimento, tornando-o uma pessoa violenta e paranóica. A partir daí ele passa a perseguir sua colega de laboratório, vivida por Elisabeth Shue, por quem nutre uma paixão doentia.
Em 2001 participou de “Droga da sedução”, um suspense estrelado por Elias Koteas e Steve Martin, e no ano seguinte, viveu um seqüestrador de crianças em “Encurralada”, que também contava com Courtney Love, Stuart Townsend, Charlize Theron e Dakota Fanning no elenco.
Em 2003, esteve no drama dirigido por Clint Eastwood “Sobre meninos e lobos”, ao lado de Sean Penn e Tim Robbins, como um investigador encarregado no caso da morte da filha de um amigo de infância. O filme foi elogiado mundialmente e recebeu muitos prêmios, dentre eles, dois “Oscar”, nas categorias “Melhor Ator” para Sean Penn e “Melhor Ator Coadjuvante” para Tim Robbins. No mesmo ano, participou de “Em carne viva”, juntamente com Meg Ryan e Mark Ruffalo.
No ano de 2004, estrelou o polêmico “O lenhador”, sobre um pedófilo tentando refazer sua vida após sair da prisão. A produção recebeu diversas indicações de prêmios importantes, mas não alcançou uma aceitação maciça com o público. O filme conta com a presença da atriz Kyra Sedgwick, casada com Bacon desde 1988, com quem tem dois filhos. Ambos estão no elenco de “Obsessão”, filme de 2005.
Também esteve em “Um salão do barulho” ao lado de Queen Latifah, como o dono de um salão de cabeleireiro, e no suspense “A verdade nua”, sobre um crime acontecido em 1957, cujos principais suspeitos eram uma dupla de comediantes. Também não foram grandes sucessos de bilheteria.
Dois anos mais tarde, Kevin Bacon estrelou três produções: “Sentença de morte”, sobre um homem que se lança num desejo violento de vingança contra os assassinos de seu filho, o drama “Laços de esperança” e em “Ligados pelo crime”, mais uma vez encabeçando um grande elenco de estrelas.
Mais uma vez sob o comando de Ron Howard, esteve em “Frost/Nixon”, em 2008. No ano seguinte, esteve na comédia “Tudo por você”.
Em 2010, atuou em “Super”, filme estrelado por Rainn Wilson, Ellen Page e Liv Tyler sobre um homem que decide se transformar em um vigilante e combater o crime. Foi a primeira investida de Bacon no universo dos super-heróis de quadrinhos, apesar de que este filme é mais uma sátira ao gênero do que uma adaptação.
A primeira incursão no gênero porque em 2011 ele foi o vilão maior em “X-Men: Primeira Classe”, no papel de Sebastian Shaw, o mutante responsável por uma ameaça à humanidade e por ter criado um dos maiores personagens do universo mutante da Marvel Comics (na história contada no filme), Magneto.
Atualmente, Kevin Bacon é a estrela do seriado “The Following”, no papel do agente do FBI Ryan Hardy, investigando um assassino serial que comanda uma rede de assassinos por meio das redes sociais sem sair da prisão. A série fez sucesso nos Estados Unidos e garantiu uma segunda temporada.
Kevin Bacon aderiu a uma prática comum aos astros de cinema, atuando em seriados para a televisão, que mais e mais contam com a presença de nomes e rostos conhecidos das telonas, atraindo mais pessoas para conferirem as histórias toda semana na televisão.
A carreira de Bacon na televisão é marcada por diversas participações em séries conhecidas como “Supernatural”, “Will & Grace”, “Chuck”, entre outras, além de papeis em filmes para esse veículo, como por exemplo, “O retorno de um herói”, em que recebeu o “Globo de Ouro” de melhor ator em minissérie ou “tele-filme” no ano de 2010.
Assim como outros atores, tais como Hugh Laurie, Kevin Costner e Johnny Depp, Kevin Bacon possui uma carreira musical. Ao lado de seu irmão Michael, Kevin formou a banda “The Bacon Brothers” (nome mais original, impossível) e já gravaram quatro álbuns: “Forosco” (1997), “Getting There” (1998), “Can’t Complain” (2001) e “White Knuckles” (2005).
Além de ser conhecido por seu talento em interpretar e pela música, Kevin Bacon também é reconhecido por uma associação feita com seu nome à chamada “Teoria dos Seis Graus de Separação”, que em linhas gerais diz ser necessário apenas seis laços de amizade comuns para que duas pessoas quaisquer estejam unidas. O cientista em computação Brett Tjaden criou um jogo chamado “Oráculo de Bacon”, em que prova a relação de Kevin Bacon com qualquer outro ator conhecido.
O site “Wikipedia” apresenta um exemplo dessa relação, ligando Bacon à atriz brasileira Fernanda Montenegro. Segundo o jogo, a atriz atuou em “O amor nos tempos do cólera” (2007), filme que conta com a participação do ator Benjamin Bratt, que atuou ao lado de Bacon em “O lenhador” (2004). O resultado dessa tal relação é que Fernanda Montenegro e Kevin Bacon estão separados por um “grau 2”. Ou seja, se você trabalhou ou estudou ao lado de uma pessoa que morou no mesmo prédio que alguém famoso, o seu grau de separação com essa pessoa é “2”. Entendeu? Nem eu! Coisas de redes sociais, penso.
Se você tem ou não alguma relação com o ator Kevin Bacon, o importante é que esse ator, que hoje completa 55 anos, é um dos mais talentosos e versáteis de sua geração e possui uma vasta carreira, com altos e baixos, mas sempre com a certeza de que o sonho daquele garoto da Filadélfia se transformou em realidade.
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