sábado, 16 de maio de 2015

Carlos Estevez

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O diretor Robert Rodriguez gosta de usar em seus filmes uma estética parecida com as produções de baixo orçamento e grandes exageros dos anos 70, como no caso de “Planeta Terror” e “Machete”. Uma tela suja, cheia de “chuviscos” e falhas, como numa projeção de baixa qualidade, cenas violentas e provocativas e muitos astros em papeis caricatos, mas ao mesmo tempo, divertidos.
Essa fórmula se repetirá em “Machete Kills”, o novo capítulo da saga do “federale” interpretado por Danny Trejo, cujo primeiro trailer foi divulgado na semana passada. Na “estilosa” apresentação do elenco, vimos um nome não tão conhecido, mas ao mesmo tempo, muito familiar para aqueles que gostam de cinema e televisão, ou que pelo menos, tenham contato com as páginas policiais e os noticiários de celebridades.
O presidente dos Estados Unidos, com arma em punho e tudo, será interpretado pelo “novato” Carlos Estevez, uma aposta do diretor em seu filme. Será que ele vai fazer um bom trabalho no seu primeiro papel em Hollywood? Será uma interpretação exagerada, até mesmo para os padrões estéticos e narrativos do diretor mexicano? Devemos esperar até setembro para conferir.
Mas parece que eu conheço esse ator e já o vi em diversos filmes. Como ele pode ser um novato se a cara dele não me é estranha? Isso é fácil de explicar. O tal Carlos Estevez é ninguém mais, ninguém menos que o ator e problemático de plantão Charlie Sheen.
Foto de família
Foto de família
Charlie Sheen, conhecido ator desde os anos 80, com diversos papeis bem interpretados em filmes conhecidos e celebrados pelos cinéfilos, e que nos últimos anos, teve a carreira arranhada por problemas com drogas e prostituição, sendo inclusive, demitido do elenco de uma das comédias mais bem-sucedidas da televisão, “Dois homens e meio”, chama-se na verdade, Carlos Irwin Estevez, mas preferiu adotar o sobrenome artístico do pai, Martin Sheen, ao invés de manter o original, usado pelo seus irmãos, Ramon, Renée e o também ator e diretor Emílio Estevez.
Carlos ou Charlie nasceu em Nova York, no dia 3 de setembro de 1965 e é filho do ator Martin Sheen e de Jane Templetom. É o terceiro de quatro filhos. Assim como seu pai, seguiu os passos na carreira de ator, atuando em filmes importantes nos anos 80 e 90, antes de se enveredar pelo caminho das drogas, álcool e relacionamentos mal sucedidos. Antes dos problemas, foi considerado um dos atores mais emblemáticos e promissores dos anos 80, juntamente com outros nomes da mesma época como Tom Cruise, Robert Downey Jr. e Jonnhy Depp.
Seguindo os passos do pai no cinema e assim como diversos astros de sua geração, Charlie começou a atuar em 1977, com apenas 12 anos de idade, numa produção para a televisão em que Martin Sheen atuava. O filme era “The Execution of Private Slovik”.  No mesmo ano, ele estava nos sets de “Apocalypse Now”, quando o pai sofrera um ataque cardíaco, em meio ao estressante ambiente das filmagens.
Wall Street - Poder e cobiça
Wall Street – Poder e cobiça
Na juventude, Charlie tinha o interesse em atuar, assim como por baseball, o que o motiva a produzir vídeos caseiros sobre o esporte, junto com os amigos Rob Lowe e Sean Penn. Contudo, a paixão pelo esporte não permitiu que ele tirasse boas notas na escola. Somava-se a isso o fato de que ele nunca fora um bom aluno e pior, gostava de arrumar confusão. Resultado, foi expulso da escola semanas antes da formatura.
Após concluir o colegial, aos trancos e barrancos, começou a atuar de forma profissional e em pouco tempo, estava trabalhando com alguns dos diretores mais renomados de Hollywood. Após pequenas participações em filmes menores, estreou num grande filme em “Amanhecer violento”, de 1984, dirigido por John MIlius, e “Jovens assassinos” em 1985.
Já em 1986, estava sendo dirigido por Oliver Stone no épico de Guerra “Platoon”. Sua atuação intensa como um jovem soldado em meio ao inferno da Guerra do Vietnã lhe rendeu elogios por parte do público e crítica. Parecia que o jovem ator começava a caminhar uma estrada própria, sem estar vinculado ao nome da família. Também estrelou ao lado de jovens estrelas da época o filme “Lucas – A inocência do primeiro amor”.
Ainda em 1986, fez uma antológica participação especial em “Curtindo a vida adoidado”, de John Hughes, como o rapaz detido na delegacia de polícia que aconselha a irmã de Ferris Bueller, interpretada por Jennifer Grey. Também estrelou “A aparição”, um clássico filme de ação adolescente.
Platoon
Platoon
Stone chamou Charlie para atuar no seu próximo filme, “Wall Street – Poder e cobiça” (1987), ao lado de astros como Michel Douglas e do próprio Martin Sheen. Mais um sucesso de bilheteria e mais críticas positivas para o ator. Também participou no mesmo ano de “Atraídos pelo perigo”, um filme menor, mas que aproveitava da fama recém-conquistada pelo ator.
Sheen não conseguiu o papel no filme seguinte de Stone, “Nascido em 4 de julho”, perdendo para Tom Cruise, o que motivou uma briga entre o ator e o diretor, que nunca mais se falaram desde então. O motivo foi que Charlie sequer foi comunicado pelo diretor sobre a escolha para o papel. A notícia foi dada a ele pelo irmão Emílio Estevez.
Mesmo assim, a nova realidade do cinema não desanimou e entrou de cabeça no trabalho, participando de vários sucessos no final dos anos 80 e início dos 90, entre eles “Os jovens pistoleiros” (1988), faroeste renovado com jovens atores como Kiefer Sutherland, Lou Diamond Philips e o irmão Emílio Estevez, “Garra de campeões” (1989) e um de seus maiores sucessos, “Top Gang – Ases muito loucos” (1990), quando encontrou sua veia cômica, que o acompanhou em diversos filmes anos depois.
Antes, porém, estrelou ao lado de John Cusack o filme “Eight Men Out”, aliando cinema e baseball, sobre a história de jogadores do Chicago White Sox, que venderam o campeonato em protesto contra os baixos salários que recebiam.
"Você também pode matar aulas."
“Você também pode matar aulas.”
Ainda em 1990 estrelou ao lado do irmão a comédia “Trabalho Sujo”, “Comando imbatível” e o filme “Rookie – Um profissional em perigo” , ao lado de Clint Eastwood. Dois anos mais tarde, faria a continuação de seu sucesso cômico, “Top Gang 2 – A missão” e a adaptação da Disney para o clássico de Alexandre Dumas, “Os três mosqueteiros”, no papel de Aramis. Nesse mesmo ano, fez uma ponta em “Máquina quase mortífera I”, protagonizado por Emílio Estevez e Samuel L. Jackson. Já em 1994, protagonizou o suspense de ação “Velocidade terminal”.
Mas o sucesso e as boas atuações de Sheen sempre viam acompanhados de problemas com álcool e drogas, além de brigas, confusões e envolvimentos com a polícia. Primeiro, ele foi inocentado da acusação de ter atirado na namorada, a também atriz Kelly Preston (a polícia confirmou que o tiro foi acidental). No processo de divórcio com sua primeira esposa, a modelo Donna Peele, ele admitiu ao juiz ter gasto mais de $50.000 com prostitutas. Além disso, no ano seguinte, foi acusado de agredir a namorada Brittany Ashland, além de outros delitos, que culminaram em penas, pagamentos de fianças e um período de dois anos de liberdade condicional.
Mas o golpe mais duro foi em 1998, quando teve uma overdose quase fatal. As drogas e os problemas com a justiça refletiam nas telas, pois seus filmes não foram bem de bilheteria, como “Um time muito louco” e “Rotação Máxima”, ambos de 1994, “A invasão” (1996) e “Conspiração” e “Sob pressão”, ambos de 1997.
O final da década foi marcado por filmes de pequena bilheteria e participações especiais em filmes e seriados de televisão, entre eles, “Loucos por dinheiro”, “Tudo por dinheiro”, “Friends” e “Quero ser John Malkovich”.
De jovem galã e talentoso ator...
De jovem galã e talentoso ator…
para as manchetes policiais.
para as manchetes policiais.

Charlie entrou no novo século livre das drogas e dos problemas, primeiro com o filme “Censura Máxima” (2000) e depois, substituindo Michael J. Fox na série “Spin City”, rendendo o convite para que em 2003 ele estrelasse um próprio show na CBS. A comédia se chamaria “Dois homens e meio” e ele dividiria a tela com o colega de “Top Gang” John Cryer e o jovem astro Angus T. Jones. A baixa recepção de Charlie nos filmes mais recentes se transformou em sucesso absoluto, agora como ator de televisão. Voltou às telas de cinema nos filmes “Todo mundo em pânico 3 e 4” e “O golpe” (2004).
Antes disso, filmando “O segredo do sucesso” (2001), ele conheceu a atriz Denise Richards e ambos se casaram, tendo a primeira filha em 2004 e o segundo filho pouco tempo depois. Contudo, em 2005, meses antes do nascimento de Lola, Denise pediu o divórcio, alegando diferenças irreconciliáveis. A separação oficial se deu em 2006.
De acordo com Denise, Charlie andava armado e tinha obsessão por pornografia e pelo caso do assassinato da ex-mulher de O.J. Simpson, sendo que o ator tinha fotos da autópsia da vítima, algo considerado doentio por Denise Richards.
Um ano e meio após o divórcio, ele se casou com a corretora Brooke Mueller e o casal teve os gêmeos Bob e Max. Na noite de Natal do ano de 2009, o ator foi detido pela polícia, acusado de violência doméstica. A policia concluiu que a esposa de Charlie estava sob efeito de álcool e que “teria exagerado” nas denúncias contra o marido, que foi liberado após o pagamento de fiança.
"Dois homens e meio" marcou a volta triunfal e novas quedas.
“Dois homens e meio” marcou a volta triunfal e novas quedas.
Em meio ao sucesso na série, Charlie era constantemente visto com garotas de programa, o que fez com que os executivos da CBS começassem a tomar providências contra ele, que na época recebia o mais alto salário da emissora. Mesmo sob ameaças de ter o contrato rescindido, Charlie ficou em “Dois homens e meio” até 2011. Ele ainda apareceu no ano anterior de “Wall Street – O dinheiro nunca dorme” e “Um parto de viagem”, em participações especiais.
Após ter insultado os produtores em entrevistas que se tornaram “memes” na Internet, Charlie Sheen foi demitido do programa, sendo substituído pelo ator Ashton Kutcher.  Até que se reencontrasse nas telas, ele participou de várias séries e animações na televisão, geralmente, interpretando a si mesmo , mantendo seus “mitos” midiáticos.
Atualmente, ele protagoniza a série “Anger Management”, em que interpreta quase que uma cópia de si mesmo, como fazia na série anterior, só que com mais sucesso, apesar de a nova atração não estar decepcionando. E vem tentando recuperar sua credibilidade como ator de cinema, em projetos como o já citado “Machete Kills” e “A Glimpse Inside the Mind of Charles Swan III”, além da quinta parte de “Todo mundo em pânico”.
Charlie Sheen é um velho conhecido nosso. Um cara que tinha tudo para brilhar na vida e carreira, “quebrou a cara” diversas vezes, mas continua sua luta pra se manter na ativa. Dizem que todo mundo merece uma segunda chance na vida. Vamos ver se agora Carlos Estevez toma jeito.

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