Os fãs de “Arquivo X”, uma dos seriados de televisão mais populares e importantes de todos os tempos adoram as histórias por uma infinidade de fatores. Cada um tem o seu aspecto favorito na série. Mas numa coisa todos concordam: a agente Dana Katherine Scully é uma das personagens mais interessantes, destemidas e sedutoras de que se tem notícia em programas de T.V. e sua intérprete, Gillian Anderson, é um dos rostos mais conhecidos da ficção científica e histórias de mistério. Ao longo de nove anos na tela vivendo a intrépida agente do FBI, Gillian deixou de ser uma “ilustre desconhecida” para se tornar uma das atrizes mais premiadas e queridas da televisão.
Gillian Leigh Anderson nasceu em Chicago em 9 de agosto de 1968, tendo ficado por lá até os 15 meses de vida, já que toda a família se mudou para Porto Rico e algum tempo mais tarde, para a Inglaterra. Foi lá que Gillian viveu os nove primeiros anos de sua vida, enquanto o pai Edward estudava cinema na “Escola de Covent Garden”. Após esse período, a família se mudou novamente para os Estados Unidos, mais precisamente, para Grand Rapids, Michigan, para que o pai trabalhasse em pós-produção cinematográfica e a mãe Rosemary, como analista de sistemas.
O gosto de Gillian pela atuação começou quando ela fez um teste para uma representação teatral local, enquanto cursava a “City High School”. Segundo ela mesma, o interesse pelos palcos e pela atuação se deu de forma natural, da mesma forma que poderia ter acontecido se ela escolhesse ser arqueóloga ou bióloga. Desde as primeiras atuações, seu talento era reconhecido por todos ao seu redor, ainda que ela tivesse interesse em trabalhar com alguma coisa voltada à ciência, já que cavar e “catar” minhocas era um de seus passatempos favoritos na infância.
Seu talento para as atuações dramáticas foi definitivamente reconhecido quando ela tinha 14 anos e o professor a indicou para um teste na famosa “cena do balcão” de “Romeu e Julieta”, mesmo a garota não tendo qualquer ligação com a obra de Shakespeare. Aceitou o desafio, já que além da paixão pela interpretação, a personalidade forte sempre foi uma de suas características mais marcantes.
Ainda na adolescência, Gillian teve uma “fase punk”, com piercing no nariz, cabelo espetado e tudo, para a fúria dos pais. Uma garota adolescente, que cresceu na Inglaterra e recebeu muita influência da cultura londrina, não sairia ilesa da onda punk que tomou a terra da Rainha em meados dos anos 70. Sua rebeldia “contra tudo e contra todos” só veio a terminar quando ela iniciou sua carreira como atriz de forma mais concreta e constante.
Em 1986, Gillian terminou a escola e passou a cursar interpretação na “Goodman Theater” e na “DePaul University”, ela se graduou em Belas Artes, concluindo uma Licenciatura. Participou também de um curso de três semanas promovido pelo “Teatro Nacional da Grã-Bretanha”, sediado na “Universidade de Cornell”, em Nova York. Quando completou 22 anos, e após a graduação, passou a se dedicar à carreira de atriz de forma integral.
A primeira atuação de Gillian Anderson numa produção maior foi na montagem da Broadway de “Absent Friends”, tendo inclusive, recebido um “Theater World Award” no ano de 1991. Logo em seguida, atuou em uma montagem teatral no teatro “Long Wharf” e participou de um filme de baixo orçamento chamado “The Turning”, ao lado de Tess Harper e Karen Allen. Foram seus primeiros trabalhos antes de se mudar definitivamente para Los Angeles, cidade em que firmaria raízes para a construção de sua carreira.
Morar em Los Angeles nunca foi intenção da atriz, mas como ela estava há mais de um ano sem trabalho, começou a participar de testes e audições a fim de conseguir algum papel. Mesmo querendo trabalhar, ela nunca tinha vontade de ficar na cidade. Após tentativas e tentativas, conseguiu um pequeno papel num episódio da série de T.V. “Class of 96”.
No ano de 1993, ela recebeu o convite para um teste numa série que estava começando a ser produzida. O seriado seria sobre uma dupla de investigadores do FBI envolvidos em casos paranormais e sem explicação e se chamaria “Arquivo X”. A intenção dos produtores era contratar uma atriz sexy e conhecida, mas o desejo do criador Chris Carter era o de ter no elenco uma atriz não tão conhecida, mas que fosse séria e misteriosa, além de bela. E a jovem Gillian Anderson foi escolhida por Carter. O criador brinca em entrevistas que a sua decisão foi a forma de se vingar dos produtores que não acreditavam nele no início do processo de criação da série.
Quando conseguiu o papel, Gillian se mudou para Vancouver, onde passou a viver durante o tempo em que gravava os episódios da série. Após terminar o episódio-piloto, a atriz não sabia se iria de fato haver uma série, devido ao complexo cotidiano das filmagens e dos temas extremante elaborados na história. Com a certeza de que a série “sairia do papel”, o dia-a-dia de filmagens era cheio de altos e baixos, na fase mais conturbada de produção, segundo a atriz, mas que lhe ensinou os rumos que ela deveria tomar ao longo de toda a atração.
Durante as filmagens, Gillian conheceu Clyde Klotz, que trabalhava como assistente de direção, e ambos se apaixonaram. Em 17 de janeiro de 1994, eles se casaram, numa cerimônia realizada por um monge budista.
Meses depois, e em pleno cronograma de gravações da primeira temporada da série, Gillian contou ao criador Chris Carter que estava grávida, dando a notícia em seguida para o colega de cena David Duchovny. O que seria uma mudança nos planos de execução em qualquer outra série, se transformou num artifício vital para toda a mitologia do seriado a partir daquele momento. Como ela teria que se ausentar por alguns meses, os escritores criaram a história de que Scully teria sido abduzida por alienígenas, sendo encontrada tempos depois. Essa abdução gerou diversos elementos mitológicos, tais como, envolvimento do governo com sequestros de pessoas, clonagem, dispositivos alienígenas, entre tantos outros fundamentais para tornar “Arquivo X” um dos fenômenos na história da televisão mundial.
Sua filha Piper nasceu em 25 de setembro de 1994, e Gillian poucos meses depois, já estava de volta às filmagens, ainda em cenas em que aparecia menos na tela, devido à sua forma física que não deveria denotar uma pós-gravidez para a personagem. O nome da menina foi usado num dos episódios duplos da terceira temporada, “O mistério do Piper Maru – Partes I e II”.
Durante os anos em que trabalhou em “Arquivo X”, Gillian Anderson colecionou elogios e prêmios pela sua brilhante atuação como Dana Scully. Em 1998, sua personagem foi para as telas do cinema, com “Arquivo X – Resista ao futuro”, lançado entre a quinta e sexta temporadas da série.
Ainda atuando na famosa série de ficção e suspense, em 2000, Gillian escreveu e dirigiu o episódio “Todas as coisas”, tornando-se a primeira mulher a participar da criação direta de uma história de “Arquivo X”. Segundo ela, a experiência foi uma mistura de prazer e pânico, mas o resultado final foi um excelente episódio marcado pela sensibilidade e emoção da atriz/escritora/diretora. No mesmo ano, protagonizou pela primeira vez uma produção cinematográfica, no filme “The house of Mirth”, de Terecence Davies. O papel de Lily Barth rendeu à atriz elogios de diversas publicações e prêmios, como o troféu de “melhor atriz” do “British Independent Film Festival” e o prêmio pela melhor atuação no “Village Voice Film Critics”.
A nona temporada de “Arquivo X” foi marcada por uma menor participação da atriz ao longo dos episódios, sendo mais importante justamente nos episódios finais. Com 34 anos na época, dez deles dedicados a viver Dana Scully, Gillian se sentiu aliviada por terminar esse ciclo de sua vida e carreira, tendo a certeza de que a personagem foi interpretada da melhor e mais intensa forma possível, e que novos desafios estariam em seu caminho a partir dali.
Terminando a série, ela voltou para Londres, onde passou a viver e trabalhar, dedicando-se aos palcos, um lugar em que ela não pisava há tempos e que sentia falta. Na mesma época emprestou sua imagem para a Campanha de Tratamento da AIDS na África do Sul, alertando o mundo de que “a doença no país não poderia ser jogada ‘para debaixo do tapete’ pelas pessoas, principalmente, as autoridades”.
Em 2003, participou da temporada de outono do “Teatro Real de Londres”, palestrando sobre teatro, cinema e televisão. No Natal daquele ano, participou de uma campanha para entregar presentes às pessoas vitimadas por doenças, guerras e outras mazelas no continente africano. Ao longo dos anos, desenvolveu uma forte influência social, dedicando sua imagem à causas humanitárias.
Voltando para os Estados Unidos em 2004, estrelou nos palcos a peça “The Swing Sweetest”, novamente ganhando elogios de público e crítica. Foi mais uma vez para a Europa, dessa vez para a Irlanda, onde filmou “The Mighty Celt”, de Pearse Elliott. Terminou o ano com mais uma produção “Tristram Shandy: A Cock and Touro Story”.
No dia 29 de dezembro de 2004 se casou com o jornalista Julian Ozanne, na ilha de Shella de Lamu, na costa do Quênia. A cerimônia contou com a presença das famílias dos noivos e amigos mais próximos. A união não durou muito tempo, já que o casal anunciou o divórcio dois anos depois do enlace.
No ano de 2005 participou da versão para o cinema do clássico de Charles Dickens, “Bleak House”, no papel de Lady Dedlock, num papel mais uma vez recebido com elogios e premiações. A atriz declarou que foi uma experiência prazerosa e gratificante. Em meados do ano seguinte, a atriz anunciou que estava grávida de seu segundo filho, com o empresário Mark Griffiths.
Em 2007, esteve na aclamada produção “O último rei da Escócia”. No ano seguinte, voltou a interpretar Dana Scully em “Arquivo X – Eu quero acreditar”, seis anos após o fim da série. A recepção do filme não foi das maiores, sobretudo, pelos fãs dos personagens, que não viram na tela um material com a qualidade dos episódios, principalmente, dos clássicos. Participou ainda em 2008 de outras duas produções, “The smell of apples” e “How to lose friends and alienate people”.
No ano de 2011, esteve ao lado do comediante Rowan Atkinson em “O retorno de Johnny English”, segundo filme do atrapalhado espião britânico.
Atualmente, Gillian Anderson está de volta à televisão, em mais uma série de suspense e terror, “Hannibal”, inspirada nos livros de Thomas Harris e nos filmes de cinema, imortalizados por Anthony Hopkins como o canibal Hannibal Lecter. É bom lembrar que na série, o sinistro personagem é interpretado pelo excelente ator dinamarquês Mads Mikkelsen. Gillian interpreta a psicoterapeuta de Lecter, a doutora Badelia du Maurier.
Desde o início dos anos 90, quando o rosto marcante e a beleza misteriosa de Gillian Anderson invadiram a tela, legiões de fãs acompanham essa talentosa atriz. E à medida que conhecemos mais sobre ela, ficamos mais dominados pela presença magnética e personalidade forte dessa bela mulher, que não apenas domina as cenas em que aparece, mas também dá belos exemplos de cidadania para todas as pessoas.
Se a verdade está lá fora eu não tenho certeza. O que sei é que Gillian Anderson motivou milhões de pessoas a ir de encontro a essa verdade. Que verdade é essa? Que Gillian é uma misteriosa beleza ou simplesmente, o mais belo dos mistérios.
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