Orenthal James “O. J.” Simpson, também apelidado de “The Juice”, é ex-jogador de futebol americano, radialista e ator que nos anos 80 quase estrelou O Exterminador do futuro, mas teve sua carreira destruída quando se tornou protagonista do julgamento mais polêmico dos anos 90.
Simpson nasceu em São Francisco em 09 de julho de 1947, filho de Eunice Simpson, administradora de um hospital e Jimme Lee Simpson, um bancário, ganhou o nome de Orenthal de sua tia, por ser o nome de um ator francês, o qual era fã. Além de O. J. o casal teve mais três filhos: Melvin Leon “Truman” Simpson, Shirley Baker Simpson e a já falecida Carmelita Simpson Durio.
Com a separação dos pais em 1952, O. J. passou a ser criado por sua mãe, crescendo em conjuntos habitacionais do bairro de Potrero Hill também em São Francisco, onde teve uma adolescência conturbada, chegando a ser detido por alguns meses quando se juntou a uma gang de rua denominada The Persian Warriors.
No Galileo High School, em San Francisco, Simpson teve seus primeiros contatos com o futebol americano, quando jogou pelo time da escola, os Lions Galileo. Em 1965 quando entrou para a Universidade de São Francisco, O. J. se destacou nos dois anos seguintes jogando como running back, superando antigos problemas físicos, pois até os 5 anos de idade precisou de aparelhos para andar, devido a um raquitismo. Em 1967 o bom desempenho lhe rendeu uma bolsa de estudos para a Universidade do Sul da Califórnia onde chamou a atenção de todo o país ao correr 1.543 jardas na temporada de 67 e 1.880 na de 68.
Em 1969 Simpson iniciou sua carreira profissional atuando pelo Buffalo Bills, onde em 1973, O. J. alcançou a marca de primeiro jogador a correr mais de 2.000 jardas em uma única temporada, e jogou até 1977, conquistando ao todo 4 títulos da NFL. Em 1978 assinou com o San Francisco 49ers, onde jogou por duas temporadas antes de se aposentar. Ao todo O. J. correu 11.236 jardas, está entre os 20 maiores corredores da NFL de todos os tempos e é membro do Pro Football Hall of Fame desde 1985.
Ainda jogador de futebol, O. J. começou a se destacar em campanhas publicitarias da época, o que chamou a atenção de hollywood e a partir daí surgiram as participações em séries como Medical Center (1969), Raízes (1977), e filmes como O Homem do Klã (1974) , Inferno na Torre (1974), A travessia de Cassandra (1976), Capricórnio Um (1978) dentre outros, dando início a sua carreira de ator que se estendeu até o fatídico ano de 1994.
A vida pessoal de O. J. Simpson daria uma bela cinebiografia, ele se casou pela primeira vez em 24 de junho de 1967, com Marguerite L. Whitley, com quem teve três filhos: Arnelle L. Simpson (nascido em 04 de dezembro de 1968), Jason L. Simpson (nascido em 21 de abril de 1970) e Aaren Lashone Simpson (nascido em 24 de setembro de 1977), porém em 1979 a primeira tragédia ocorre em sua vida: a filha mais nova, Aeren se afoga na piscina e morre um mês antes de completar dois anos.
Em 1977 O. J. conheceu Nicole Brown, uma garçonete de 18 anos, e desde então mantiveram um caso em segredo, até que em 1979, após a morte de Aeren, O. J. e Marguerite se divorciam e ele assume seu relacionamento com Nicole, com quem viria a se casar em 2 de fevereiro de 1985, 5 anos após sua aposentadoria dos gramados. Com Nicole, O. J. teve dois filhos, Sydney Brooke Simpson (nascido em 17 de outubro , 1985) e Justin Ryan Simpson (nascido em 6 de agosto de 1988).
O segundo casamento de O. J. foi marcado por polêmicas, pois por diversas vezes ele foi acusado de agressões, chegando a ser detido em 1989, até que em 1992 o casamento chega ao fim, quando Brown pede divórcio alegando diferenças irreconciliáveis.
Ao contrario da vida pessoal, a vida profissional de O. J. Simpson ia de vento em polpa no final dos anos 80 e início dos anos 90, até quem 1994 surge o projeto que viria a ser a grande chance de sua carreira: O. J. seria o astro de uma série produzida pela Warner em parceria com a Rede NBC, Frogmen.
Em Frogmen, Simpson faria o papel de líder de um grupamento da marinha americana e seria escalado para missões especiais, nos mesmos moldes de Esquadrão Classe A. Previsto para estrear em setembro de 1994, um piloto foi gravado, com duração de duas horas, o programa trazia uma cena em que O. J. empunhava uma faca contra o pescoço de uma mulher, uma triste ironia com o que viria a ocorrer naquele mesmo ano e faria com o piloto nunca fosse exibido.
No dia 12 de junho de 1994 se inicia a derrocada de O. J. Simpson. Tudo começou por volta da meia noite quando vizinhos de Nicole Brown vão até sua casa situada em Brentwood, Los Angeles e se deparam com uma cena horrenda, eles encontraram o cadáver de Nicole sobre uma poça de sangue com a garganta cortada e a alguns metros, o corpo de seu amigo Ronald Goldman com marcas de 22 facadas. Um policial veterano da polícia de Los Angeles, que atendeu a ocorrência, descreveu a cena como o crime mais sangrento que já viu.
Segundo a perícia, o crime teria ocorrido por volta de 10 e 11 da noite, uma ou duas horas antes de O. J. embarcar em um voo para Chicago, no primeiro momento ninguém levantou a hipótese de que O. J. fosse um suspeito. Ao lado de Simpson no voo estava o fotógrafo Howard Bingham.
Segundo Bingham, eles conversaram sobre golfe durante praticamente todo o voo, e ele não percebeu nada de “anormal” no comportamento do astro, assim como os funcionários do O’Hara Plaza Hotel, onde Simpson chegou “cansado, mas bem disposto” segundo eles. Horas mais tarde O. J. foi informado pela polícia sobre o que ocorreu e retornou a Los Angeles, onde ao chegar foi interrogado pela polícia por três horas, polícia esta que, até então, apenas o descrevia como uma possível testemunha e não ainda como suspeito.
Nos dias que se seguiram a perícia começou a revelar evidências que cada vez mais incriminavam O. J. Simpson, como: gotículas de sangue das vitimas em meias de O. J., gotículas do sangue dele na calçada da casa, uma luva na cena do crime que formava um par com uma luva encontrada na casa de O. J., pegadas compatíveis com o tamanho de seus pés, dentre outras, o que deixou a situação do astro insustentável.
Vendo que a sua situação estava cada vez mais complicada O. J. Simpson formou sua equipe de defesa liderada pelo polêmico advogado Robert Shapiro.
Shapiro reuniu especialistas em medicina legal para analisar cada evidência, um clínico geral e um psiquiatra para cuidar dos sinais de depressão que O. J. começava a apresentar, porém os esforços foram em vão e 5 dias após os assassinatos foi expedido o mandato de prisão para O. J. Simpson.
Após negociações de Shapiro com o comandante da polícia, eles chegaram ao acordo de que O. J. se entregaria as 11 da manhã daquele mesmo dia, mas o acordo não foi cumprido e, naquele dia, Simpson desapareceu e deixou para trás uma carta, onde declarava seu amor por Nicole, alegava sua inocência e se despedia em tom de suicídio. Enquanto a polícia o procurava, O. J. entrou em contato com o advogado da família e ditou alterações para o seu testamento, o que o astro não imaginava era que seu telefone estava sendo monitorado, e então, às 7:15 da noite, Tom Langue, um dos detectives a frente do caso, conseguiu a sua localização. O. J. estava dirigindo uma Ford Bronco branca em baixa velocidade em uma autoestrada da região, a partir daí se deu início a uma caçada cinematográfica transmitida ao vivo para todo os EUA.
A perseguição durou aproximadamente duas horas, Simpson dirigiu até uma casa da família, de onde negociou com a polícia por cerca de 45 minutos até se render e entregar-se as autoridades.
Após a prisão de O. J. se deu início ao processo judicial que ficou conhecido nos EUA como o julgamento do século, que se estendeu até 3 de outubro de 1995, quando o veredito foi transmitido ao vivo para mais de 100 milhões de telespectadores. A defesa de O. J. conseguiu suprimir uma parte das evidências de acusação, que não eram poucas, como por exemplo a luva encontrada na cena do crime, que não serviu nas mão de O. J., o sangue encontrado na calçada, que só foi percebido pelos policiais semanas após o crime, mas o que mais ajudou a defesa foi o fato de que o investigador Mark Fuhrman, que apresentou as evidências da acusação, se negou a responder as perguntas da defesa. Ele embasou sua recusa na 5ª Emenda da Constituição dos EUA, que permite que as pessoas não respondam para não se incriminar. A recusa, ajudou a defesa a desmontar a acusação e instaurar a dúvida nos jurados e isso, combinado a uma forte tensão racial criada pela defesa, que chegou a alegar que O. J. era vítima de racismo por parte da polícia de Los Angeles, culminou no veredito de que O. J. Simpson era inocente.
Apesar do resultado a seu favor, a vida de O. J. Simpson foi ladeira a baixo desde então. Livre na esfera criminal, O. J. não escapou na esfera civil e em 1997 foi condenado a pagar indenização às famílias no valor de 33 milhões de dólares, o que não conseguiu cumprir, tendo todos os seus bens leiloados em 1999; e em janeiro de 2007, devido a determinação de um juiz da Califórnia, teve que restringir seus gastos a “despesas normais e necessárias”.
Ainda em 2007, Simpson lançou o livro If I did it, onde relatou “hipoteticamente” como teria cometido os crimes, mas devido as dívidas do processo civil, toda a renda foi revertida para as famílias das vitimas.
Por incrível que pareça, 13 anos depois, O. J. Simpson voltaria ao banco dos réus, desta vez acusado de sequestro e assalto a mão armada. O. J. junto a 4 homens fortemente armados invadiram um quarto de hotel em Las Vegas e roubaram artigos esportivos de um colecionador. Simpson alegou inocência, disse que entrou no quarto para pegar artigos que seriam seus por direito e que não estava armado, mas desta vez o júri foi implacável e no dia 3 de outubro de 2008, ele, aos 61 anos de idade, foi condenado a 33 anos de prisão. Atualmente ele cumpre pena no Lovelock Correctional Center em Nevada.
Uma grande oportunidade para se conhecer a fundo os bastidores do julgamento de 1995, será a nova serie derivada de American Horror Story. A série se chamará American Crime Story, e assim como na série original cada temporada terá uma história fechada e elencos diferentes. A primeira temporada será American Crime Story: The People vs O. J. Simpson.
Baseada no livro The Run of His Life: The People vs O. J. Simpson, a série mostrará o julgamento na visão dos advogados, além de mostrar como a defesa usou o histórico da polícia de Los Angeles com a comunidade negra da cidade.
O que cria grandes expectativas sobre a qualidade série é o elenco, o advogado de defesa Robert Shapiro, será interpretado por ninguém menos que John Travolta, de volta a televisão após 40 anos enquanto O. J. Simpson será interpretado por Cuba Gooding Jr., vencedor do Oscar de melhor ator coadjuvante em 1996 por Jerry Maguire – A Grande Virada e Robert Kardashian, também advogado de defesa ficará a cargo de David Schwimmer, o Ross de Friends.
Ryan Murphy, criador de American Horror Story irá dirigir o primeiro episódio, enquanto Scott Alexandre, Larry Karaszewski escrevem o roteiro; Murphy, Alexander, Karaszewski, Brad Falchuck, Nina Jacobson, Brad Simpson e Dante Di Loreto ficam com a produção executiva.
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