segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Ary Fontoura


Ary Beira Fontoura, ou simplesmente Ary Fontoura, nasceu na cidade de Curitiba, em 27 de janeiro de 1933. Advogado formado, Ary chegou ao Rio "no dia em que todo mundo estava saindo". Era o fatídico 31 de março de 1964, dia da eclosão do golpe militar. O ator já atuou em mais de 30 novelas da Rede Globo, para a qual trabalha desde 1968. Algumas delas marcaram época, como Gabriela, Dancin' Days, Guerra dos Sexos e Roque Santeiro. Nesta interpretou o impagável Florindo Abelha, o "Seu Flô" e contracenou cenas inesquecíveis ao lado da Viúva Porcina (Regina Duarte) e de Sinhozinho Malta (Lima Duarte). Por esse trabalho, foi premiado com o Troféu Imprensa/1985 e, em 1997, foi eleito o melhor ator do ano por sua atuação na novela "A Indomada".

Na época de Roque Santeiro, em seu último capítulo foi assistida por 90% do povo brasileiro. Foi o maior público que Ary já têve. Se tiver que somar todas as pessoas que o viram no teatro em seus 55 anos de carreira - e são muitas peças! - não igualaria em número o que o último capítulo do "Roque" conseguiu. Na década de 80, fez excelentes trabalhos em teatro, quando pertencia ao elenco fixo do Teatro dos Quatro que, na época, era subvencionado pela Shell. Esta subvenção permitia grandes trabalhos. Foram feitas ótimas peças com elencos excelentes. "O Rei Lear", "Assim É Se Lhe Parece", "Sábado, Domingo e Segunda"e"A Ópera do Malandro" foram títulos que, sem dúvida, engrandeceram seu currículo.

Ary participou de mais de 30 telenovelas na Rede Globo. Ator versátil, ele mostra seu talento tanto na arte dramática como em personagens cômicos. Todos os papéis que já representou se tornaram inesquecíveis. Criou tipos como o sinistro Aristóbolo em Saramandaia, o avarento Nonô Correia em "Amor com Amor se Paga" (talvez seu personagem mais emblemático), o prefeito Florindo Abelha (Seu Flô) em "Roque Santeiro", o autoritário coronel Artur da Tapitanga em "Tieta" e o misterioso Silverinha em "A Favorita". Em 1970, Ary Fontoura interpretou o primeiro personagem homossexual em uma novela, Rodolfo Augusto, em "Assim na Terra Como no Céu".

No cinema destacou-se em "O Vigilante Rodoviário", "Os Sete Gatinhos" e "Ed Mort". Participou também das duas versões do filme "Se Eu Fosse Você", interpretando o conselheiro Padre Henrique. No filme "A Guerra dos Rocha" (2008), de Jorge Fernando, interpretou uma mulher, a matriarca octogenária em torno da qual gira a trama.

Ary Fontoura tem orgulho de interpretar um Romeu aos 75 anos (09/02/2008) Intérprete do doce Romeu de "Sete Pecados", Ary Fontoura nunca tinha encarnado o papel de galã e nem imaginou que isso ainda poderia acontecer. Primeiro, por não se enquadrar nos padrões de beleza. E, além disso, pelos 75 anos de idade que ostenta com orgulho. "Sempre tive noção de que, apesar de não me achar feio, estava longe de ser bonito o suficiente para ser um mocinho", explica. Mas a história de Walcyr Carrasco realçou o lado romântico e, segundo Ary, motivou reações de público que há tempos o ator não sentia. Agora, às vésperas do término da novela, ele aguarda o lançamento do longa A Guerra dos Rocha, em abril.

18/04/2013 - CONFISSÕES DO MESTRE ARY FONTOURA
Poucos atores transitam com tanto brilhantismo pela TV, teatro e cinema como Ary Fontoura. E é com o seu jeito educado e simples, beirando a modéstia, que, ao completar 80 anos de vida, sendo 60 de carreira, ele abre o coração. “Não me considero ainda absolutamente completo. Tenho a percepção de que há muita coisa a aprender”, diz. Com mais de 40 novelas, 20 filmes e 40 peças, ele relembra quando saiu de Curitiba, aos 30 anos, onde já era profissional reconhecido da TV, para realizar o sonho de seguir a carreira no Rio. “Deixei a família, um curso de Direito e fui para uma terra praticamente estranha, onde iria recomeçar. Era uma competição grande. Ou enfrentava ou não”, conta. Prestes a retornar à TV como o Dr. Lutero, diretor clínico de hospital em "Amor à Vida", trama das 9, Ary também revela: já teve 15 casamentos, foi infiel e sente um vazio por não ter filhos.

– Como vê suas escolhas?
– Claro que também fraquejei, são 80 anos. Tem horas em que penso: ‘será que é por aí?’ Momentos de dúvida, solidão, de profundo egoísmo, principalmente ao deixar pessoas que amava para me dedicar só a mim. Sabia que, mais cedo ou mais tarde teria que pagar por isso. Deixei de ter uma família. Quando cheguei ao Rio, estava quase noivo. Mas vim, em 1964, época difícil, de mudanças no Brasil. Era um ilustre desconhecido e para sobreviver trabalhei de cozinheiro, engraxate, porteiro. Não queria começar uma família assim.

– Depois disso, como foi sua vida amorosa?
– Tive uma infinidade de relações. Umas não prosseguiram por minha causa, outras, por conta de dizerem ‘você se dedica muito mais ao que faz do que a mim’. E é uma verdade. Amar e ser amado é um processo complicado. Daí você toca o barco conforme é e escreve historinhas. Escrevi várias, uma, por exemplo, de três anos. Acabou porque apareceu outro cara no meio da jogada e ela foi embora.

– Foram muitos casamentos?
– Uns 15. Estou com 80 anos. O que você quer?

– Podia já ter netos...
– É, também. Mas começo a analisar uma série de coisas. Atualmente seria difícil cuidar das pessoas e de mim. A gente sabe que determinadas atitudes que tomamos poderiam ter sido melhores, mas aí já foi. Não vivo do passado, mas do presente. Quando se é jovem, gasta as energias, nem sente culpa. Já mais velho, sabe que cada minuto é importante. Absorvo isso com ganância.

– Você tem muito vigor.
– E dou graças a Deus ainda de ter essa capacidade de buscar as coisas, de me movimentar. Sempre sou muito ágil, não me entrego pensando na aposentadoria. Vejo o quanto me ligar a pessoas mais jovens é importante. Não gosto quando caracterizam minha idade como a melhor. É uma bela idade, mas a melhor é a da juventude.

– Já se submeteu a plásticas?
– Os procedimentos que fiz foram naturais. Mas no rosto nunca mexi. Nunca fui assim vaidoso. Também não sou contra quem faz. Mas preciso desesperadamente do meu rosto, das minhas expressões para poder continuar trabalhando. Nunca fui galã, nem Deus me deu esse dom de ser um homem belo, um artista que arrebatasse corações. Sempre tive noção de que não possuo beleza. Preferia pensar na arte generosa que é o teatro. Em qualquer época da sua vida, aos 80 anos, por exemplo, você pode começar. Sempre há um avô, um tio, um pai para interpretar.

Veja outra foto de Ary Fontoura


Teledramaturgia
1962: O Vigilante Rodoviário (Episódio: Aventura em Vila Velha)
1968: Passo dos Ventos .... Professor de Equitação de Vivien
1969: A Ponte dos Suspiros
1969: Rosa Rebelde .... Conde
1970: Assim na Terra Como no Céu .... Rodolfo Augusto
1970: Verão Vermelho
1971: O Cafona .... Profeta
1972: Bandeira 2 .... Apolinário
1972: Uma Rosa com Amor .... Afrânio
1973: O Semideus .... Mauro
1974: O Espigão .... Baltazar Camará
1975: Gabriela .... Dr. Pelópidas Clóvis Costa
1976: Saramandaia .... Aristóbulo
1977: À Sombra dos Laranjais .... Tomé Caldas / Estopim
1977: Nina .... Fialho
1978: Dancin' Days .... Ubirajara Martins Franco
1979: Marron Glacê .... Ernani
1980: Plumas e Paetês .... Raul
1981: Jogo da Vida .... Celinho
1983: Guerra dos Sexos .... Dino
1983: Paraíso .... Padre Bento
1984: Amor com Amor se Paga .... Nonô Correia
1985: Roque Santeiro .... Prefeito Florindo Abelha, "Seu Flô?
1986: Hipertensão .... Romeu
1988: Bebê a Bordo .... Nero Petraglia
1989: Tieta .... Coronel Artur da Tapitanga
1990: Araponga .... General Perácio
1992: Deus nos Acuda .... Félix
1994: A Viagem .... Tibério Campos
1996: Vira-Lata .... Aurélio
1997: A Indomada .... Deputado Pitágoras William Mackenzie
1998: Meu Bem Querer .... Delegado Neris
1999: Vila Madalena .... Seu Menêz
2001: Porto dos Milagres .... Deputado Pitágoras William Mackenzie
2001: Sítio do Picapau Amarelo .... Coronel Teodorico
2003: Chocolate com Pimenta .... Ludovico Canto e Melo
2007: Sete Pecados .... Romeu
2008: A Favorita .... Silveirinha
2009: Caras & Bocas .... Jacques Michel Conti
2010: A Cura .... Dr. Turíbio Guedes

Nenhum comentário:

Postar um comentário