quarta-feira, 15 de abril de 2015

Fernanda Montenegro

Fernanda Montenegro


Arlette Pinheiro Esteves da Silva nasceu no Rio de Janeiro, em 16 de outubro de 1929. Considerada a maior atriz brasileira de todos os tempos, Fernanda Montenegro é um dos principais destaques do cinema nacional, com vasto currículo também na TV e principalmente no teatro. Ela é a primeira e única atriz brasileira a receber uma indicação ao Oscar, fruto de sua atuação no filme Central do Brasil.

Apesar de não levar a estatueta de ouro para casa, Fernanda ganhou outros prêmios pelo filme, entre eles o Urso de Prata no Festival de Berlim, Prêmio da Crítica no Festival de Cinema de Fort Lauderdale, Atriz do Ano pelo National Board of Review, Melhor Atriz do Festival Internacional de Cinema de Havana e Atriz do Ano do Los Angeles Film Critics.

O nome Fernanda foi escolhido por ela, por ter uma sonoridade que remetia aos personagens de Balzac ou Proust. Montenegro veio de um médico homeopata que era amigo da família.

Foi casada por 56 anos com o ator Fernando Torres, morto em 2008, com quem tem dois filhos: o coreógrafo Cláudio Torres e a também atriz Fernanda Torres.

Começou a carreira no rádio aos 16 anos. No teatro, sua primeira experiência foi em uma produção de Esther Leão, Alegres Canções nas Montanhas, onde conheceu Fernando Torres, que seria seu futuro sócio e marido. Um ano depois, tornou-se a primeira atriz contratada pela TV Tupi.

Em 1952, ingressou na companhia de Henriette Morineau, Os Artistas Unidos. Em 1954, estreou no Teatro Maria Della Costa (TMDC), atuando em O Canto da Cotovia, de Jean Anouilh, um dos espetáculos mais importantes da companhia, com direção de Gianni Ratto.

Permaneceu no TMDC por dois anos e teve seu primeiro papel de destaque, em 1955, interpretando Lucília em A Moratória, de Jorge Andrade, que lhe valeu o Prêmio Saci e a promoveu ao estrelato. Em 1956, estreou no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), na peça Divórcio para Três, de Victorien Sardou, dirigida por Ziembinski. Permaneceu na companhia até 1958.

Durante o período que permaneceu na companhia, foi premiada por dois trabalhos: Nossa Vida com Papai (1956), de Howard Lindsay e Rusel Crouse, que lhe conferiu o prêmio da Associação Paulista de Críticos Teatrais (APCT); e Vestir os Nus (1958), de Luigi Pirandello, pelo qual recebeu o Prêmio Governador de Estado de São Paulo, e, novamente, o APCT.

Fundou o Teatro dos Sete, com Fernando Torres, Sergio Britto, Ítalo Rossi e Gianni Ratto, onde participou de todos os espetáculos até a dissolução da companhia, em 1965.

Nesse período, foi premiada três vezes: recebeu o Prêmio Padre Ventura do Círculo Independente de Críticos de Arte, pela interpretação em O Mambembe (1959), de Artur Azevedo e José Piza, dirigido por Gianni Ratto; por Mary, Mary (1963), de Jean Kerr e direção de Adolfo Celi, foi premiada pela Associação Brasileira de Críticos Teatrais (ABCT); e por Mirandolina (1964) recebeu o Troféu Governador do Estado de São Paulo.
Em 1964, estreou no cinema em A Falecida, de Leon Hirszman, baseado em obra de Nelson Rodrigues. Apesar de começar cedo, foram poucas as suas participações no cinema, comparando-se com os trabalhos no teatro e na TV.

De 1966 a 1968, Fernanda atuou em quatro espetáculos, dirigidos por Fernando Torres, e recebeu o Prêmio Molière por A Mulher de Todos Nós (1966), de Henri Becque; e por O Homem do Princípio ao Fim (1967), de Millôr Fernandes.

Na década de 1970, atua em Oh! Que Belos Dias (1970), de Samuel Beckett, com direção de Ivan de Albuquerque; O Marido Vai à Caça (1971), de Georges Feydeau, dirigida por Amir Haddad; O Interrogatório (1972), de Peter Weiss, direção de Celso Nunes; O Amante, de Madame Vida (1973), de Louis Verneuil, direção de Fernando Torres.

É premiada por Seria Cômico... Se Não Fosse Sério, de Dürrenmatt - Troféu Governador do Estado e Prêmio da Associação dos Críticos Teatrais de São Paulo - e A Mais Sólida Mansão, de Eugene O’Neill - Prêmio Molière - ambos em 1976.

Com o espetáculo É... (1977), de Millôr Fernandes, passa três anos e meio em temporada, realizando, em quatro capitais, um recorde de apresentações ininterruptas.

Na década de 1980, seu espetáculo mais marcante foi As Lágrimas Amargas de Petra von Kant (1982), de Fassbinder, pelo qual recebeu os prêmios Molière e Mambembe.

Cinco anos depois seu desempenho é novamente consagrado em Dona Doida, Um Interlúdio (1987), de Adélia Prado, valendo-lhe o Prêmio Molière. Em 1993, sobe ao palco com a filha Fernanda Torres, para fazer uma abordagem sarcástica e grotesca da relação maternal, em The Flash and Crash Days - Tempestade e Fúria, de Gerald Thomas. Nesse espetáculo feito de silêncio, em que o texto se resume a palavras ou frases só compreensíveis no contexto da ação, a atriz se expõe ao risco e à experimentação cênica.

Sua interpretação mais notória no cinema, antes de Central do Brasil, foi em Eles não Usam Black-Tie (1981), do mesmo Hirszman. O filme em que Fernanda dividiu cena com Gianfrancesco Guarnieri, ganhou o Leão de Ouro de melhor filme no Festival de Veneza.

Voltou aos palcos em 2009, para atuar no monólogo Viver Sem Tempos Mortos, dirigido por Felipe Hirsch. O espetáculo teve como texto cartas e apontamentos autobiográficos de Simone de Beauvoir.

Suas importantes atuações na TV, no teatro e no cinema lhe renderam convites para participar da política nacional. Em 1985, foi convidada pelo então Presidente da República, José Sarney, para ser ministra da cultura. Depois, a proposta foi refeita por Itamar Franco. Ela recusou as duas oportunidades e também não aceitou o convite para ser embaixadora do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem).

Também ganhou destaque na música, como inspiração para a canção Mulher da Vida, composta por Milton Nascimento a pedido de Simone.

Em mais de cinqüenta anos de carreira, a atriz Fernanda Montenegro atuou em quase 100 peças teatrais, 11 telenovelas, 200 teleteatros e minisséries e em diversos filmes.

Pela simplicidade e consciência, Fernanda Montenegro resiste ao papel de mito em que é colocada e, nos momentos de homenagem, sempre obriga a audiência a se lembrar de seus colegas de classe. Ela é a “Estrela Montenegro do universo”, como cita a composição de Milton Nascimento.

Peças:

1954 - O Canto da Cotovia
1955 - Com a Pulga Atrás da Orelha
1955 - A Moratória
1956 - Eurídice
1956 – Divórcio para Três
1956 – Nossa Vida com Papai
1958 - Vestir os Nus
1959 - O Mambembe
1960 - A Profissão da Sra. Warren
1960 - Com a Pulga Atrás da Orelha
1961 - O Beijo no Asfalto
1963 - Mary, Mary
1964 – Mirandolina
1966 – A Mulher de Todos Nós
1966 - O Homem do Princípio ao Fim
1967 - A Volta ao Lar
1970 - Oh! Que Belos Dias
1971 – O Marido Vai à Caça
1971 - Computa, Computador, Computa
1972 – O Interrogatório
1972 - Seria Cômico... Se Não Fosse Trágico
1973 – O Amante, de Madame Vida
1976 – Seria Cômico… Se Não Fosse Sério
1976 - A Mais Sólida Mansão
1977 - É...
1982 - As Lágrimas Amargas de Petra von Kant
1986 - Fedra, de Racine
1987 - Dona Doida
1993 - The Flash and Crash Days
1995/96 - Dias Felizes
1998 - Da Gaivota
2009 – Viver Sem Tempos Mortos

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